Plataforma flutuante de monitoramento em tempo real da qualidade da água - Foto: Marco Peixoto |
Governo também restitui Conselho Nacional de Recursos Hídricos
Por Daniella Almeida - Repórter da Agência Brasil | Edição: Valéria Aguiar
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) lançou nesta sexta-feira (22) o Relatório Digital de Qualidade da Água que mostra a qualidade da água dos rios em mais de 400 mil trechos em todo o Brasil, acessível a todos os cidadãos. O lançamento faz parte das celebrações do Dia Mundial da Água, no país.
O monitoramento da qualidade da água de rios e reservatórios do país consiste basicamente na observação de características físicas, químicas e biológicas da água em determinados trechos de rios. Os resultados desta análise da qualidade permitem avaliar a adequação da água para diversos usos. A diretora-presidente da ANA, Verônica Sánchez, explicou que o relatório é uma espécie de mapa interativo e este monitoramento, feito pela Rede Hidrometeorológica Nacional (RNH), é realizado em mais de 10 mil pontos distribuídos no país, divididos em estações que monitoram parâmetros relacionados aos rios, como níveis, vazões, qualidade da água e transporte de sedimentos, e outros monitoram principalmente as chuvas.
“Se por um lado os estudos nos alertam e trazem informações que que vão balizar a tomada de decisão dos governos federal e estaduais no que se refere os efeitos das mudanças do clima na segurança hídrica, também vão indicar ações de infraestrutura que precisam ser feitas, ações de conservação que precisam ser tomadas,” explicou.
Durante a cerimônia, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, destacou que evidências científicas e estudos são essenciais para orientar políticas públicas da agência reguladora e que o trabalho da ANA contribui para afastar decisões sobre o uso da água baseadas somente em política e clientelismo. “O Atlas dos Recursos Hídricos do Brasil possibilitou uma série de coisas importantes em relação à locação da água, que é um recurso de uso múltiplo. Hoje, todo mundo, como o prefeito [do município] mais simples, pode dar o clique e ter instruções e informações para pensar como pode planejar o mínimo [do uso da água], customizadamente no seu município, na sua realidade”.
Conselho Nacional
A diretora-presidente da ANA Verônica Sánchez também comemorou a publicação do decreto que restituiu o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), composto por representações do governo federal, conselhos estaduais e distrital de recursos hídricos, usuários e organizações civis. “Aquelas organizações que melhor podem representar e darem voz aos anseios da sociedade em todas as instâncias para trazer para maior instância decisória a respeito dos recursos hídricos do Brasil que é o conselho. São aquelas decisões que precisam pautar os nossos passos, os nossos caminhos para os próximos anos”.
A ministra do MMA destacou que as políticas relacionadas à gestão de recursos hídricos devem ter foco nas populações mais vulneráveis “Política pública é pensar a gestão de recursos hídricos voltada para também os mais vulneráveis, os mais prejudicados serão os agricultores familiares, os quilombolas, os povos indígenas. O bom é que a gente aprendeu aqui a ter uma cultura de uma ação sistêmica que não é só olhando a própria agência em si mesma, mas dialogando com o conjunto daqueles que fazem uso múltiplo e a formulação múltipla”.
Mudança do Clima
Durante a cerimônia do Dia Mundial da Água, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, destacou que dentro do contexto de mudança climática, os brasileiros têm lidado com a escassez de água e, também, com os prejuízos econômicos, sociais e ambientais, motivado pelas inundações. “Qualquer que seja circunstância no contexto de mudança climática, nós somos vulneráveis no meio dessa contradição hídrica que é o Brasil. Ao mesmo tempo que nós somos uma potência hídrica, somos um país vulnerável”.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil |
Marina Silva apontou que o ministério tem trabalho a questão do desmatamento da região do Matopiba, que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. “Estamos fazendo o pacto pelo Cerrado, porque a destruição do bioma é também a destruição dos nossos recursos hídricos. Água e floresta conversam o tempo todo. Não existe biodiversidade sem água e assim por diante”.
A programação do Dia Mundial da Águas ainda homenageou líderes comunitários e organizações civis que cuidam das águas do Brasil. “Estou agradecida pelo trabalho das pessoas que lidam com a agenda de recursos hídricos, seja nos movimentos sociais, que são fundamentais, seja na academia e dentro da gestão pública, que são fundamentais. A água é um recurso cada vez mais complexo na dinâmica dos governos e nós estamos vivendo uma situação muito particular [no país]”, agradeceu a ministra Marina Silva.
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