Quedas nas tarifas aéreas e nos transportes por aplicativo, registradas em junho, tiveram mais impacto para famílias de renda alta - Fotos: Fernando Frazão/EBC (esq.) e Helio Montferre/Ipea (dir.)

Nos últimos 12 meses, famílias de renda muito baixa apresentam a menor taxa de inflação


Por Agência Gov | Via Ipea

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda apontou uma desaceleração da inflação para todas as faixas de renda pesquisadas em junho na comparação com o mês anterior. Os dados acumulados em 12 meses mostram que as famílias de renda muito baixa apresentam a menor taxa de inflação (3,66%), enquanto as famílias de renda alta possuem uma taxa mais elevada (4,79%) - veja tabela mais abaixo.

O segmento de renda alta teve queda mais significativa, que após um aumento de 0,46% em maio, registrou a inflação de 0,04% em junho. Já para as famílias de renda muito baixa, a desaceleração da inflação passou de 0,48% em abril para 0,29% em maio e junho. As famílias de renda alta foram favorecidas pela queda das tarifas aéreas e dos transportes por aplicativo.

Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (15/7) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e indicam que a alta dos preços dos alimentos ao longo do ano é o principal fator de pressão sobre a inflação da classe de renda muito baixa, cuja taxa acumulada de 2,87% em 2024 situa-se bem acima da registrada pelo estrato de renda alta (1,64%).



Os grupos alimentação e bebidas, e saúde e cuidados pessoais se constituíram nos principais focos de pressão inflacionária para praticamente todas as classes de renda. Para alimentos e bebidas, mesmo com as deflações registradas para frutas (-2,6%), das carnes (-0,47%) e das aves e ovos (-0,34%), os reajustes dos cereais, impulsionados pela alta do arroz (2,3%), dos tubérculos (2,0%) e dos leites e derivados (3,8%), entre outros, explicam a alta dos preços dos alimentos no domicílio em junho.

Em relação ao grupo saúde e cuidados pessoais, houve impactado pelos reajustes dos produtos farmacêuticos (0,52%) e de higiene pessoal (0,77%), além dos serviços médicos, como hospital e laboratório (1,0%) e planos de saúde (0,37%).

Para as famílias de renda alta, o impacto do aumento dos preços dos alimentos e dos bens e serviços ligados à saúde foi compensado pelo alívio inflacionário vindo do grupo transportes. Esse grupo, mesmo com o reajuste de 0,64% da gasolina, foi beneficiado pela queda dos preços das passagens aéreas (-9,9%) e das tarifas de transportes por aplicativo (-2,8%).

Últimos 12 meses

Os dados acumulados em doze meses revelam que, embora em graus distintos entre as faixas, as maiores pressões inflacionárias residem nos grupos alimentação, transportes e saúde e cuidados pessoais. No caso dos alimentos, mesmo diante das deflações das carnes (-6,5%) e das aves e ovos (-1,2%), os aumentos dos cereais (19,0%), dos tubérculos (42,2%), das frutas (18,5%) e das hortaliças (15,7%) explicam esse quadro de pressão inflacionária, neste período. Em relação aos transportes, as maiores contribuições registradas em doze meses vieram das altas das tarifas do ônibus intermunicipal (9,6%), do metrô (10,8%) e do transporte por aplicativo (6,5%), além dos reajustes dos combustíveis (10,0%). Já as maiores pressões exercidas pelo grupo saúde e cuidados pessoais vêm dos produtos farmacêuticos (6,3%), de higiene (2,8%), dos serviços de saúde (8,5%) e dos planos de saúde (9,1%). Adicionalmente, para as famílias de renda baixa, os reajustes das tarifas de energia elétrica (3,0%) e de água e esgoto (6,6%) geraram uma contribuição inflacionária positiva vinda do grupo habitação. Por outro lado, os aumentos de 5,9% dos serviços pessoais e de 6,9% das mensalidades escolares fizeram com que os grupos despesas pessoais e educação pressionassem significativamente a inflação do segmento de renda alta.

Grupo Variação Acumulada nos Últimos 12 Meses
Alimentação
  • Cereais: 19,0%
  • Tubérculos: 42,2%
  • Frutas: 18,5%
  • Hortaliças: 15,7%
  • Carnes: -6,5%
  • Aves e ovos: -1,2%
Transportes
  • Ônibus intermunicipal: 9,6%
  • Metrô: 10,8%
  • Transporte por aplicativo: 6,5%
  • Combustíveis: 10,0%
Saúde e Cuidados Pessoais
  • Produtos farmacêuticos: 6,3%
  • Produtos de higiene: 2,8%
  • Serviços de saúde: 8,5%
  • Planos de saúde: 9,1%
Habitação (para famílias de renda baixa)
  • Tarifa de energia elétrica: 3,0%
  • Tarifa de água e esgoto: 6,6%
Despesas Pessoais (para famílias de renda alta)
  • Serviços pessoais: 5,9%
Educação (para famílias de renda alta)
  • Mensalidades escolares: 6,9%

Acesse a íntegra do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda AQUI